Mas o teatro segue fazendo o que sempre fez: sobreviver. É incrível pensar que, numa época em que nenhuma peça está em cartaz, todas as peças estão em cartaz.
É impossível passar incólume à leitura ao revés que Morrison faz do mito da torre de babel, quando ela diz que nunca estaríamos prontos para ascender ao paraíso com uma única língua, ou seja, sem a diferença, sem conhecer o Outro, sem viver a dissemelhança, a diversidade, a heterogeneidade, e que talvez o paraíso se encontre justamente aí.
Seu Bomfim também é sobre o tempo e sua impiedade, é sobre caminhar entre ruínas, estar na terceira margem, onde não há ancoragem possível.
Li, certa vez, que criticar é por em crise. Na época isso fez bastante sentido pra mim. Na verdade, o sentido não me pareceu algo a ser questionado, afinal eu era apenas uma estudante de letras, e o que pode uma estudante de letras contra as máximas dos teóricos europeus?