e sem a possibilidade de dar tudo errado não há teatro, se bem que a possibilidade de dar tudo errado parece ser a essência mesma do teatro, prescindindo de qualquer corpo ou espaço amplo, afinal tudo tem a possibilidade de dar errado...
Como produzir presença, intimidade e cumplicidade com um desconhecido? E se essa pessoa fosse inventada e tivesse memórias e desejos produzidos por um grupo de pessoas? E se as histórias compartilhadas ao pé do ouvido e na palma da mão quisessem te fazer experimentar a passagem do tempo?
Mas o teatro segue fazendo o que sempre fez: sobreviver. É incrível pensar que, numa época em que nenhuma peça está em cartaz, todas as peças estão em cartaz.
Sair do ensimesmamento, admitir a fragilidade e a fantasmagoria de todos os entes vivos também são formas de vitalidade. Que não estejamos imunes a elas.
Até então reagia às agressões enquanto um homem que apresentou uma performance. E enquanto homem, eu tenho medo. Enquanto artista, o medo existe. É diferente. Eu não “tenho” medo. O medo “está lá”.
O kaminho decolonial ou kontra-kolonial é longo e cheio de pedras, mas não são as pedras que devem ser condenadas: as pedras nos cantam sobre os futuros, são nossas aliadas.
As fotografias sujam a presença pura da performance, tiram sarro dela, pedem revisão histórica e clamam pelo acerto de contas.
Comemoro a existência de todos esses trabalhos desenvolvidos durante a pandemia, que celebram a vida, e rearranjam a possibilidade do encontro.
A conectividade agrava a sensação de isolamento, como quando finalmente saímos, vemos o vazio na cidade e dizemos: minha casa é menos inóspita que isso, vou voltar para dentro.
No lugar de metafísica, o monopólio. No lugar da busca do sentido, produção de sentido. No lugar do reclame a soluções, proposição. No lugar de espírito, corpo. O conceito de práxis nunca teve um sentido tão violento quanto no sul global, arriscaria dizer.
A crítica, seja ela cruel, apaziguadora, ácida, violenta, elogiosa, entusiasmada, apaixonada ou branda, deve ser sempre a expressão de uma cisão, e nunca de uma adesão. A adesão não constrói a negatividade essencial ao pensamento crítico.
Seu Bomfim também é sobre o tempo e sua impiedade, é sobre caminhar entre ruínas, estar na terceira margem, onde não há ancoragem possível.
Um teatro, uma igreja, o terreiro-mãe da São Salvador: coisas que convivem em mim e no Centro Cultural da Barroquinha, aonde vou chegando para ver Iyá Ilu.
Alguns universos são tão naturalizados na formação estética das crianças - incluindo-se aí as crianças que os adultos outrora foram - que não é fácil lançar um olhar distanciado sobre as histórias e narrativas que deles provêm.
Se um dos entendimentos sobre arte contemporâneas a coloca no lugar da arte da experiência total – corpo, ética, estética, política, pensamento, como sendo a mesma coisa – QUASEILHAS é seu sinônimo.
Ir na etimologia da palavra crítica e pensá-la como crise é um clichê, mas qual outra saída se apresenta, se o que ainda mais temos são os clichês sobre a crítica, sobre o papel do crítico, sobre o que o crítico deve pensar, como deve agir, a quem deve elogiar ou não elogiar? Se o que mais temos são as crises contínuas da crítica por toda parte?
Quando alguém reconhecido e amparado pelo sucesso e pelo status quo silencia sobre algum tema relevante tudo permanece igual no tribunal. Mas, se um fracassado se acovarda e se abstém, as paredes da realidade chacoalham.
Embora o pensamento objetivista não reconheça o sujeito da paixão como o sujeito do conhecimento, qualquer um que já se sentiu afetado sabe: é muito mais fácil escrever se alimentados por amor ou ódio.
O aquecimento do ar e sua subsequente expansão, se atravessados por uma descarga elétrica, gera um som chamado “trovão”. Alguns seres também são chamados assim quando atuam como catalizadores e podem utilizar todo potencial de energia que têm ao alcance para concretizar a tarefa pretendida.
Começar a movimentar esta Gangorra graças ao peso de uma das histórias mais clássicas da literatura infantil revela muito da realidade da produção das artes para infância em nossa cidade.
Sinto uma opressão no peito: algo em mim parece estar sendo comprimido, suprimido, sufocado. Compreendo, depois de muita angústia, que isso tudo pode não ser nada: um nada que precisa de espaço; um nada que preciso ser.
Li, certa vez, que criticar é por em crise. Na época isso fez bastante sentido pra mim. Na verdade, o sentido não me pareceu algo a ser questionado, afinal eu era apenas uma estudante de letras, e o que pode uma estudante de letras contra as máximas dos teóricos europeus?
Selfie sobre a primeira morte da Revista Barril de Artes Cênicas
“Um dia esse menino voa”, proclamava minha vó enquanto me via balançar os braços debaixo da mesa. Uma criança pode agitar os braços como quiser, mas eu agitava diferente. Eram…
Conversa de vagalumes sobre o espetáculo Para que o céu não caia, da Cia. Lia Rodrigues de Danças
Sobre o texto “Matheus Nachtergaele, a sua peça é triste e necessária!”, de Cristina Leifer, no site Cenáculo Núcleo de Estudos Teatrais.
Um corpo que se dissolve em múltiplas direções e, assim, nos dissolve junto, fazendo-nos turvos e desterrados: é assim que vivencio o que reconheço como a política fundamental do espetáculo - desterritorializar-se de um eu-tempo-espaço-definido para, então, habitar multiplicidades de ser.
Sobre “Humor de Santo”, de Paulo Mansur
Rizoma de Joelma, espetáculo de Fábio Vidal e Edson Bastos, inspirado na trilha de Luciano Simas e Ronei Jorge
Da crítica de Fernando Barcerllos sobre Dança Doente publicada no Horizonte da Cena.
Sobre o espetáculo infanto-juvenil “ECA! Quanta sujeira!”, de Guilherme Hunder
Sobre Processo de Conscerto do Desejo de Matheus Nachtergaele
Sobre o espetáculo Ana de Ferro – A Rainha dos Tanoeiros Obra de Miriam Halfim, encenada por Emanuel David d’Lúcard.
De todas as formas da crítica, a de bar é a mais ancestral e recorrente entre os mortais. Mas não é porque aparece quase sempre espontaneamente, despretensiosa e de viés que carecerá de uma rigorosa metodologia própria.
Édipo Rei – o rei dos Bobos é um trabalho que marca com incisão o panorama brasiliense de Artes Cênicas ao remontar a clássica tragédia grega, de Sófocles, de título homônimo com subtítulo irônico, neste caso.
Sobre Solos Baianos do BJS
Sobre Looping - Bahia Overdub, de Felipe Assis, Leonardo França e Rita Aquino
Sobre o espetáculo “Minha irmã”, direção de Marcos Oliveira
Esse texto não deveria ser escrito nesta língua e nem em língua nenhuma. Hoje ainda se escrevem textos em línguas, frases conjugadas em significação que possibilitam movimentar pensamentos e corpos;…
http://www.agoracriticateatral.com.br/home A Revista AGORA / Crítica Teatral nasce em 2015, resultado de uma oficina de Crítica Teatral realizada pelo Goethe Institut de Porto Alegre com participação de Jürgen Berger. Seis…
Sobre o espetáculo “L-O-V-E”, de Paula Diogo (Má-Criação – Portugal)
Sobre a peça Condenados, da Companhia SouDessa Uma peça fundamentada numa tese: a homofobia é uma construção dos heterossexuais para subjugar e eliminar os homossexuais e transexuais e só nos…
Mas há os que dormem, comem, trabalham, transam e, além disso, cultivam hobbies. Quanta diferença nesses seres! Essas são as pessoas desinteressadas, portanto as mais interessantes.
sobre a conferência de Angela Davis e outros eventos menos badalados e igualmente relevantes No dia 25 de julho do ano de 1992 foi criado o dia Internacional da Mulher…
A partir de Intempestivamente, performance de Adam Kinner apresentada na Escola de Dança da UFBA.
Uma coisa é confrontar e questionar modos diferenciados de fazer, outra coisa é achar que o próprio modo de fazer deve ser imposto por ser o mais adequado e verdadeiro.
A construção da baianidade não data de muito longe. Ainda que seja “terra mãe do Brasil”, como gosta de nos lembrar o slogan, por alguns séculos ser baiano não era considerado lá grande coisa.
Sobre o espetáculo Ponto e Vírgula: pequena pausa antes do fim
Em um dia normal do bairro Rio Vermelho, mulheres apresentam no Largo da Mariquita o Cabaré Belas, Arretadas e Fora da Casinha. Em um dia normal para mim, que se…
Sobre o espetáculo “As Pequenas Raposas” O bom de ser honesto é que a concorrência é pequena. (Marcos Castelhano, “Love Songs”, A Tarde FM) Nas vésperas do São João,…
Ao que parece, um cenário deserto de crítica, no qual a mesma é exaltada em teoria, porém pessoalizada na prática, não é uma particularidade de Salvador. Assim como não são infundadas as suspeitas lançadas pelos artistas àqueles que se põem a criticar; afinal, muitos críticos ainda estão mais preocupados em (des)qualificar uma obra a partir das verdades que sustentam seus corpos cansados que levantar questões, construir pontes ou iluminar bordas.
(sobre uma noite junina da Terça Estranha, na casa de show de drags Âncora do Marujo) *** Malayka SN amava Ah!Teodoro q amava Loren Taba q amava Frutífera Ilha q…
O projeto Diário Rosa inclui 5 eventos, criados com base na temática da violência contra o gênero feminino e promovendo diálogos com outras linguagens.
Sobre o espetáculo “O Contentor – o contêiner” No chão do Espaço Cultural da Barroquinha há um retângulo de luz desenhado por refletores. Esse espaço cênico exíguo é a base…
Vídeo-dançar
Sobre as Sessões Iberoamericana em Foco e Mulheres Sementes do FºDA
Querido Pretato,
A partir do Projeto PRETATO da Escola de Teatro da UFBA
Em “Memórias do Subsolo” Dostoiévski narra a fábula de um sujeito que resolveu mijar numa das pilastras do Palácio de Cristal. A imagem deve ter proporcionado boas risadas ao autor;…
Há um tipo de escrita que se pretende inclusiva e abrangente, mas se esquiva das questões mais complexas quando recorre justamente a estruturas pré-moldadas. Não são as justaposições de preposições, nem as metralhadoras de travessões, muito menos o artigo X, que fazem um texto justo, honesto, responsável e relevante.
Sobre asas extirpadas ou como Ícaro até que tentou
Rizoma a partir da obra Ruína de Anjos
Crítica a partir de Entrelinhas, obra de Jack Elesbão. Segundo John Cage[1], Kant dizia que há duas coisas no mundo que não reclamavam por significados: a música e o riso…
já dentro da performance de Malayka, sinto minhas contradições vulcanizarem. É ridículo estar num espaço e pensar que encontrou algo que esperava tanto
Estamos agora vendo a agonia da classe média cultural que não é reconhecida nem pela elite, nem pelo povo. Em seu afã de dignidade, o artista médio é indiferente à arte de massa, observa com admiração distanciada as altas artes, e aprecia com superioridade a arte de rua. Quanto ao valor da arte produzida por esse grupo, o que dizer?
As antipalestras de Rabih Mroué
Toda experiência conjuga dimensões éticas, noéticas, estéticas. Éticas, porque todo fenômeno pode ser lido de acordo com os valores e leis daqueles de que dele participam.
GLOSSÁRIO PARA IGNORANTES[1] E AMANTES DE CAFÉ Rizoma a partir da obra BRAU de Ana Dumas
Tradicionalmente experimental ou palimpsesto crítico: uma leitura de excertos de um texto de Prisca Augustoni sobre performance de Ricardo Aleixo.
Oito e Oitenta
Crítica a partir de SerEstando Mulheres, de Ana Cristina Colla
Certas coisinhas pequenas demais Sobre a Galeria ENTRE, de Alexandre Guimarães. É uma casa antiga, branca com detalhes azuis, numa rua de passagem do bairro mais boêmio da cidade. Para…
O tom de voz de Márcio é estável e macio, soa como se sempre imprimisse uma dose de preguiça aveludada ao dito. Há uma atmosfera de calmaria a seu redor.
Encontro um amigo que me dá carona até o centro da cidade. Em pouco tempo estou na praça Ruy Barbosa. Dou uma volta, converso com alguns conhecidos e depois sento numa mesa para comer pastel e beber Coca-Cola.
Afinal, se estamos aqui nesse evento escancarando a falência da academia em lidar com nossa presença, nossos corpos, nossas estéticas, é porque tudo que vem sendo criado e pensado por vocês sem nossa presença mostra o quanto nossos corpos são invisíveis e, para vocês, não existem.
Se, de repente, começarmos a ouvir os artistas[1] que falam e produzem arte contemporânea negra[2] em Salvador, corremos o risco de termos um dos maiores abalos sísmicos no meio artístico da cidade.
Sobre Mágico Mar O escafandro é a cidade submersa. Açolina e Espiga, as borboletas… Habitando uma ilha, das flores espremem, como os amantes, um futuro findado desde o princípio. Não…
A partir da coluna Martin Gonçalves, do site Feminino e Além.
As coisas do mundo estão uma loucura e é quase um problema, frente à urgência geral, ainda ter de escrever sobre Henrique Wagner.
Estamos em plena Galeria Cañizares, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, participando, como artistas e espectadores, da VII Mostra de Performance que, neste ano, traz a temática “Performance Negra, imagem, empoderamento e dissonâncias contemporâneas”.
Loucas do Riacho, coordenada criativamente por Raiça Bonfim, não se caracteriza como uma obra de fácil acesso, e acredito ser difícil formar uma opinião estando lá apenas uma vez.
Ele entra no quarto, pega o computador e volta para sala. Nesse momento (escuto), ele mostra Têtê Espíndola e Björk para Marcela e Geor. Ontem, depois de ter falado saudade e cansaço, encontro Léo fazendo um fauno
Falar sobre a solenidade de encerramento da seleção pública das setoriais artísticas 2016, que culminaria na assinatura do TAC (Termo de Acordo e Compromisso), é retornar aos pensamentos clássicos sobre…
Desde o primeiro contato com as Escolas de Arte ocidentais nos deparamos com o conceito de presença. Presença cênica, presença de palco, presença. Presença enquanto capacidade de atração. Presença enquanto aprimoramento técnico. Presença enquanto ato de estar concentrado e atento ao presente.
A partir de um dia do "Perfor7 [como?]", sétima edição do fórum de performance
da BrP. São Paulo, Praça das Artes, 15 de novembro de 2016.
Roteiro: Daniel Guerra
Desenho: Pedro Pirôpo
A partir da crítica Major Oliveira: nossos bons velhinhos e o tempo que vivemos, de Alex Simões. Revista BARRIL, Ed.08/2016
Um telão projetava os três intelectuais; no Passeio Público muita gente perambulava depois de não ter conseguido entrar para ver os palestrantes.
Quando morei no Campo Grande escrevi uma peça que, até hoje, só uma pessoa chegou a conferir. Não tenho os critérios para saber se ela funcionaria ou não nos palcos, e confesso que nunca me esforcei muito para vê-la encenada, mas me diverti bastante escrevendo.
Ser artista e compor, juntamente com outros artistas, um coletivo de crítica têm sido, definitivamente, um rico aprendizado
Não gostaria de, assim, principiar esta carta, mas devo dizer, logo de início, que saí triste do Teatro ISBA, na noite de 9 de outubro de 2016.
Em novembro deste ano a França mais uma vez invade o Brasil com sua Dança. Em uma mostra que percorre 15 cidades de nosso território, composta por 16 companhias que trazem coreógrafos consagrados
Sobre a crítica “Imperadores de nós mesmos”, de Welington Andrade, na Revista CULT, publicada em 10 de outubro de 2016: http://revistacult.uol.com.br/home/2016/10/welington-andrade-imperadores-de-nos-mesmos/ Parece que todas as coisas grandes, para que soem…
Imagino que ao leitor deva estranhar duplamente o título da crítica. Primeiro deve vir o susto de topar com uma expressão desse quilate escrita assim, logo no topo, mesmo em revista tão afeita a certas diversões.
Antonio Fábio, faz uns anos, uma vez me disse que estava interessado na questão do envelhecimento para trazer para o palco. Ele cumpriu a promessa.
Piso as botas no pátio do Goethe-Institut, peço um quiche de alho-poró, escolho uma mesa, olho ao redor e me sinto bem cool. Sou o artista solitário. O crítico. Meu olhar é arguto e sagaz, vim de banho tomado, estou pronto para o trabalho.
Considerando que a reverberação da crítica na nossa cidade ainda oscila entre o silêncio rancoroso e a histeria biliosa, decidimos escrever este humilde manual dividido em duas partes.
Difícil começar a escrever sobre um texto cujo autor se desconhece. Sobretudo, se o texto é uma crítica e, por isso, deva trazer em si um senso de responsabilidade e de ética em relação à obra criticada e seu autor. O anonimato,
Recentemente o Grupo Caixa do Elefante – Teatro de Bonecos, a partir de seu espetáculo Prólogo Primeiro, fez-me reencontrar com o fantasma de Gordon Craig.
Eu poderia começar esta crítica dizendo: A Danação de Tristão e Isolda é a cara do Núcleo Viansatã. Sei que à primeira vista pode parecer redundante, mas estou falando do processo de construção de uma identidade estética que o grupo vem desenvolvendo desde o ano de 2009.
Lembro da primeira vez que vi Jhoilson de Oliveira. Escola de Teatro, talvez 2008; éramos colegas de turma.
Estava lendo, isso sempre faz o sujeito refletir e lembrar. Então, primeiro me lembrei de Daniel, que o tempo em que passei confinado com ele e com meus oito companheiros foi muito marcante.
Nina Codorna é uma drag órfã que aprendeu a ser drag com o youtube e não esperem que eu negue o fã que sou dessa consequência de Ru
As discussões acerca do feminismo vêm se popularizando. O número de obras teatrais/performáticas assumidamente feministas vêm crescendo. Entretanto, todas as tentativas de problematização da misoginia nas artes ainda permanecem num…
Os versos das velhas cantigas entoadas pelo Bispo chegam primeiro aos ouvidos mais bem posicionados na arena do Vila.
Em 2009, quando eu era um calouro do curso de direção teatral na Escola de Teatro da UFBA, fui ver uma série de performances na Escola de Dança, da mesma universidade.
Crítica impressionisticamente selfie sobre uma experiência contemporânea de ver uma instalação performativa numa Casa Chamada Barabadá A travessia para assistir/participar da intervenção “Um Corpo em Casa”, projeto coletivo de…
Peço perdão aos evoluídos criadores, mas penso que todo artista é um tanto quanto perturbado pelos porquês. Principalmente aqueles que sentiram as consternações em sua passagem por alguma academia artística.
Para começar, façamos um acordo básico: pense junto comigo sobre o fato de que o ato criativo não ocorre apartado das mediações entre corpo e ambiente. Isso nos sugere não só uma obviedade sobre a tentativa incansável de nós ocidentais, em não separar mente e corpo ou sujeito e objeto, como também uma mudança no olhar sobre as implicações entre temporalidade e pensamento histórico.
Rizoma criado a partir da leitura dramática de "A mulher do fundo do mar", no Festival da Nova Dramaturgia de Melanina Acentuada.
Crítica a partir da crítica de Eduarda Uzêda sobre “Egotrip —Ser ou não ser, eis a comédia”, publicada no Jornal A Tarde, dia 13 de Julho de 2016.
O interior de uma casa burguesa, mais ou menos cem anos atrás. Mobília belle époque, biombos, cortinas e xícaras de porcelana.
Talvez o maior desafio para uma pessoa brasileira minoritizada seja rasurar a retumbante e cafona pergunta ameaçadora “você sabe com quem está falando?” com a questão-enfrentamento “você sabe de que lugar estou falando?”.
A Partir d’O Bobo, solo de Caio Rodrigo Diego segue pensando qual é o seu lugarzinho na arte… Toda vez que falo a palavra arte me vem um estranhamento, parece acontecer algum…
Romeu e Julieta no aniversário de 60 da Escola de Teatro da UFBA Tudo pode ser, se quiser será O sonho sempre vem pra quem sonhar Tudo pode ser, só…
Na edição anterior, tivemos uma breve discussão sobre a palavra acontecimento. É interessante que esse conceito esteja aparecendo na boca de tantos criadores ao mesmo tempo. Poderíamos chamar a isso sincronicidade.
Medeia era uma mandioca. Vivia fincada na terra, espasmódica, assim como o nariz do meu amigo ao lado, visivelmente alérgico ao teatro contemporâneo.
Relutei, comigo mesma, em escrever sobre o texto Fissura por Fissura: Sobre Maçã – Um Acontecimento Cênico, de Diego Pinheiro, e me senti também grata pelo convite de colocar a cara-no-sol,…
O corpo não é um território neutro. Foram necessários séculos de cultura para que finalmente pudéssemos pensá-lo como suporte, quando na verdade é processo inacabado e tráfego incessante de informações. Forma mutante e indisciplinada, matéria revoltada; não baixa a crina, mesmo sob o peso milenar da chibata e da educação.
Ferramentas poderosas trazem em si cargas de risco proporcionais à sua força. Uma faca dá o poder para atacar ou proteger a família de terceiros, mas, se mal utilizada, a faca vira arma para o inimigo
Uma militante diante da cerimônia “inclusiva” do Prêmio Braskem de Teatro 2015 SELFIE 1 Hora de apresentar as artistas que concorriam ao Prêmio Braskem 2015 de melhor atriz. Neste momento,…
Ah, o Nobel de literatura. As milhões de coroas suecas, os fãs brotando por segundo ao redor do mundo, a garantia de férias eternas. Anti-Sísifo. Esses louros, no entanto, não…
O diálogo enquanto guerrilha metogológica
O que a gente do mundo branco das artes não consegue entender é que, no diálogo que nós, indiasnegroshomossexuais estamos instaurando,