Na primeira Copa que vi, a dos EUA, em 1994, quando eu tinha oito anos, só competiam vinte e quatro times. O Brasil estava no grupo B, junto com Rússia, Camarões e Suécia. Os artilheiros foram Stoichkov, da Bulgária, e Oleg Salenko, da Rússia com 6 gols cada. Salenko jogou vinte minutos contra o Brasil...
A duração e o sombreado retornam para assombrar, iludir, desviar. Ainda será possível o erotismo?
A artista Talitha Andrade nos traz sua curadoria de memes quase em luto pelo mundo.
Foi num forró com pouca dança que tomei conhecimento da história de Pata de Onça, um rabequeiro paraibano que chegou às promissoras terras paulistanas já em meio aos palcos de forró no Largo da Batata. O ano é 1986 e o bar era Asa Branca, casa de músicos nordestinos como Azulão, Dominguinhos e Zé Pitoco
Quando alguém reconhecido e amparado pelo sucesso e pelo status quo silencia sobre algum tema relevante tudo permanece igual no tribunal. Mas, se um fracassado se acovarda e se abstém, as paredes da realidade chacoalham.
Sendo “Preciso escrever?” a primeira linha de Barley Patch (2009), livro do australiano Gerald Murnane (1939) depois de toda uma década sem escrever ficção. “Preciso escrever?” precisando também ser o primeiro questionamento deste escrito que aqui se encontra.
A cidade em cujas escavações estou participando se chama Pompeia, um dos sítios arqueológicos mais importantes da Terra. É o único lugar onde ocorreu a sobreposição de duas camadas históricas muito distantes temporalmente.
Mudei-me para este apartamento há mais de dois anos, após uma separação. Estava enfim sozinha, morava sozinha, dormia sozinha, fazia refeições sozinha. Nunca havia sido assim. E era bom e ruim.
Um teatro, uma igreja, o terreiro-mãe da São Salvador: coisas que convivem em mim e no Centro Cultural da Barroquinha, aonde vou chegando para ver Iyá Ilu.
Quem vê as apresentações dobradinhas de Zé Manoel na Casa da Mãe se repetirem sempre cheias, com o músico circulando à vontade e cheio de sorrisos pelo Rio Vermelho, acha que sua relação com Salvador começou por causa das apresentações de Canção e silêncio.
Alguns universos são tão naturalizados na formação estética das crianças - incluindo-se aí as crianças que os adultos outrora foram - que não é fácil lançar um olhar distanciado sobre as histórias e narrativas que deles provêm.
É curioso demais reviver o não-vivido. Ter aquele tipo de memória do que foi vivido por outros, mas não experienciado pessoalmente. Mais curioso ainda, é imaginar que essa memória existe, de alguma maneira, porque um pedaço de si já esteve no passado, no corpo e mente de pessoas que sequer sabemos o rosto.
A composição é uma homenagem ao grande baterista Nenê. Reverência completa: o compasso de cinco mexendo em ritmos brasileiros, o contrabaixo dobrando a mão esquerda do piano, o solo de batera no fim da música.
Desde o début com São Mateus não é um lugar assim tão longe, Rodrigo Campos vem elaborando propostas complexas em seus discos. Há sempre fios esticados em tensões corajosas no encadeamento de seus trabalhos, faixa a faixa, disco a disco.
Se um dos entendimentos sobre arte contemporâneas a coloca no lugar da arte da experiência total – corpo, ética, estética, política, pensamento, como sendo a mesma coisa – QUASEILHAS é seu sinônimo.
O ano de 1927 talvez tenha sido um dos mais decisivos na vida de Walter Benjamin [1892-1940], sobretudo em sua relação com a política e, especialmente, em sua interpretação da trama que se estabelece entre política e cinema.
Abril, cujo odor nos augura
Renovado prazer,
Tu descobres no meu querer
A secreta figura.
Ah, pagar a murta ao Mirtilo,
A íris à Desdêmona:
Para mim duma rósea anêmona
Se abre o negro pistilo
Amine Barbuda encontra o múltiplo Pasqualino Magnavita.
Corpo-arquitetura fala sobre nossos desejos de camuflar-se, de confundir-se, de construir outras paisagens ou sermos levadas pela brisa fresca que ainda há.
Não é porque você se tornou artista que isso te eximirá de ser um completo idiota. Ser artista não te salva de nada: nem das agruras da vida, nem da timidez, nem da falta de consistência política, nem da burrice, nem da canalhice.
Ir na etimologia da palavra crítica e pensá-la como crise é um clichê, mas qual outra saída se apresenta, se o que ainda mais temos são os clichês sobre a crítica, sobre o papel do crítico, sobre o que o crítico deve pensar, como deve agir, a quem deve elogiar ou não elogiar? Se o que mais temos são as crises contínuas da crítica por toda parte?
Ele não era o tipo que conta mais que uma vez uma história, e sendo isso uma demonstração de veracidade, ao mesmo tempo as circunstâncias do relato estarem tão definidas em minha mente me parece que nós dois dividimos uma lembrança por simbiose.
Devo reconhecer que, muito a contragosto, minha viagem começa em Macau, ainda que até hoje meus familiares jurem de pés juntos que nunca estive lá. Mas quem jura costuma mentir, e há evidências suficientes que provam o contrário.